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09/06/2015

ENTREVISTA COM O PREFEITO AURICÉLIO - PARTE I: "há pessoas que insistem em ir à prefeitura em busca de benefícios pessoais"

Prefeito respondeu várias perguntas à Folha da Cidade em entrevista exclusiva,  na edição 61

O prefeito de Cabrobó, Auricélio Torres (PSB), chega a mais da metade de seu mandato sem maioria na Câmara de Vereadores, numa situação de aperto financeiro nas contas da prefeitura. Nesta entrevista exclusiva à Folha da Cidade, ele responde às principais indagações sobre o presente e o futuro de seu governo, dá uma resposta aos ataques do ex-candidato Antônio de Nestor e avisa que será obrigado a cortar cerca de 300 empregos da prefeitura. o texto foi dividido em duas parte. Confira a primeira.

FOLHA DA CIDADE - No início do seu governo o sr. revelou que encontrou a prefeitura com uma dívida de R$ 3 milhões? Hoje, quase dois anos e meio depois, sua gestão já conseguiu equilibrar as finanças do município?

AURICÉLIO TORRES - Nós equilibramos as contas logo no primeiro semestre de 2013, quando o prefeito “se trancou” um pouco mais no gabinete. Nós enxergamos que aquele atendimento ao público, que iniciava às vezes às seis na manhã até as 11 da noite, estava improdutivo para fazer a equipe andar e ajustar as contas do município. Graças a Deus, com muito esforço, muito sacrifício e austeridade, nós saneamos as contas. Acho que em meados de maio já estávamos com as contas ajustadas. Foi quando começamos a iniciar as obras em Cabrobó.

Se as contas estão ajustadas, por que se fala tanto em crise e que não há recursos para investir no município?

R - Nós promovemos o ajuste das contas e implementamos uma série de ações em Cabrobó. Eu acho que a população é testemunha. São várias ruas pavimentadas, iniciamos a reforma da Ceasa com recursos próprios, as contrapartidas das obras foram inúmeras, as festas populares. Eu considero que nossas festas talvez tenham sido as melhores de Cabrobó. O São João 2013 foi uma festa de oito dias, o dia 11 de Setembro não foi diferente, com bandas que haviam prometido no passado e nunca tinham vindo, como foi por exemplo naquela época da (banda) Garota Safada, entre outras bandas. Também investimos no fardamento escolar da rede pública do município, contemplando aproximadamente 5.500 alunos, com duas camisas para cada um. Não é uma obra de pedra e cal, mas é muito importante. Promovemos obras de saneamento com recurso próprio, como na Vila do Gás, onde gastamos um montante importante de recurso. A obra da pavimentação asfáltica, por exemplo, acho que ninguém fez uma obra desse porte com recurso próprio em Cabrobó, uma obra de mais de R$ 1.200.000. Foram inúmeras as contrapartidas e promovemos tudo isso. Agora, o que é que está acontecendo de verdade? É um propósito nosso primeiro zelar pelo dinheiro público e sermos transparentes. A partir de setembro de 2014, começou a haver um declínio dos recursos provenientes do ISS referentes à obra da Transposição. Se você olhar 2014, eu somei o que entrou de janeiro a dezembro, dividi por 12 e tivemos uma média de R$ 550 mil de ISS, mas em setembro ele começou a cair para 300 e alguma coisa, e assim gradativamente. É tanto que em dezembro chegou a entrar R$ 13 mil e isso vem continuando em janeiro, fevereiro, março e agora em abril, com um valores de R$ 70 mil, R$ 100 mil, R$ 15 mil, de R$ 11 mil. Mas, temos a boa notícia de que a obra deve ser retomada, e temos ainda 14% a 16% de obras em nosso município. Então, teremos ainda talvez um ano com entrada desse ISS. Não sei se será igual ao início. Se a população observar, no início dessa obra a gente via aqui um verdadeiro formigueiro pela manhã com os trabalhadores fardados, e hoje são muito poucos. Hoje a obra está distante, não tem mais aquele volume do princípio. Eu diria que Cabrobó viveu anos dourados a partir de junho de 2008. A prefeitura e a cidade se acostumaram com estes recursos, houve um inchamento da máquina, então o que está havendo é isso. Tínhamos uma receita. 2014 não é nem parâmetro, eram R$ 550 mil por mês em média, mas no passado isso foi muito mais. Esses recursos caíram para cerca de R$ 100 mil reais por mês. Isso abala qualquer estrutura. Então, a crise que Cabrobó está vivendo, principalmente, por conta disso, some-se a uma prolongada estiagem, referenciada pelos estudiosos como a pior dos últimos 70 anos, quase a maior do século. A cada ano a seca maltrata paulatinamente, a cada ano vai se agravando devagar, maltratando o homem do campo e também o poder público. São muito mais máquinas, são mais rações que se tem que adquirir junto aos órgãos do governo do estado, tem que haver transporte, gasta-se muito combustível, entre outras coisas. O que vemos é isso.



O que o poder público municipal está fazendo para fomentar o desenvolvimento local e criar receita própria?

R - Acho o poder público municipal em si muito acanhado economicamente para desempenhar uma função de motor da economia de um município, certo? Então o que nós poderíamos promover? A vocação do nosso povo é para a agricultura. Cabrobó é o maior produtor de cebola, de arroz, hoje uma cultura meio que estagnada, mas estão aí as pessoas voltando a produzir o arroz e também partindo para a fruticultura, entre outras coisas. O que é que nós conseguimos? Não é olhar pelo retrovisor, mas Cabrobó nunca teve no seu território um só hectare de terra irrigada como ação política de nenhum político que por aqui transitou ou recebeu votos de nossa cidade. A Codevasf esteve aí todo o tempo, mas Cabrobó não teve um só hectare de terra concedido pela Codevasf ou pelos governos estaduais passados ou pelo governo federal. Nós conseguimos, através do saudoso governador Eduardo Campos, implantar 100 hectares de terras irrigadas em Cabrobó . É pouco? É, mas é um pontapé inicial, um princípio. Na Ilha da Assunção, no assentamento Riacho Fundo e no assentamento São Miguel, são 50 kits, cada kit irriga dois hectares, nas proximidades do rio. Nós conseguimos, via governo do Estado, 12 poços artesianos. Destinei a cada vereados, em janeiro de 2013, quando todo mundo era aliado. Cada vereador pegou seu kit, onde eles colocaram não sei dizer. Numa parceria da empresa Hiara com a ST conseguimos implantar mais cinco poços artesianos no município. Conseguimos uma coisa importantíssima, que é a dessalinização, com a construção de drenos, das terras da Ilha da Assunção, que são as terras mais nobres de Cabrobó. Conseguimos também, através dos nossos deputados, 900 horas de PC, que é um equipamento, uma retroescavadeira maior e construímos não sei dizer quantos quilômetros de drenos. Era para a Codevasf ter recuperado essas terras há muito tempo. Adutora hoje, a gente praticamente não tem mais onde conseguir. Estou conseguindo um sistema simplificado de abastecimento d’água no estado e estou colocando no município de Belém do São Francisco, na Vagem Grande, mas é aqui, antes do Trevo do Ibó e as pessoas de lá, todas vivem aqui em Cabrobó. As adutoras tinham que ser feitas. A do Murici, que deixaram por concluir, a minha gestão foi quem gastou o mesmo montante de recurso gasto no passado, só para enterrar os canos, mas quem fez a ligação fomos nós. A adutora do Cigano da mesma forma. Enterraram alguns canos, nós promovemos a compra das bombas, enfim, tudo que era necessário, mais encanação para  fazer a água chegar às pessoas daquela região do Jiqui e do Cigano. Aqui no Curralinho, da saudosa dona Elpídia, nós fizemos funcionar outra adutora e a adutora aqui do (povoado) Salão, que faz parte da propriedade de Antônio Gonzaga. Esta, nós tivemos praticamente tudo quanto é despesa. Fomos nós que patrocinamos e colocamos água para servir aquela população do Salão. Mesmo fizemos no Jatobá, onde inauguramos mais uma adutora. Talvez eu esteja até esquecendo, mas investimos muito, mas muito mesmo em horas máquinas no município. Conseguimos com o governo do Estado mais de três mil horas máquinas e distribuímos por todo o município. Conseguimos muitas horas de PC também para área de sequeiro do nosso município, para fazer as cacimbas. Então, o que o poder público pode fazer com o pouco recurso que tem, acredito que nós fizemos, mas estamos reivindicando um projeto de irrigação ao governo federal até como contra-partida pela cedência das águas da transposição. Nós vamos sempre brigar por isso, que deve ser um projeto maior. Fomos tão humildes, que até baixamos de 5.000 para 1.000 hectares. Vamos ver. Se sair mil hectares já será de bom tamanho para alavancar a economia do nosso município.

Na sua opinião, quais são os problemas de Cabrobó que causam mais dificuldades ao gestor?

R- Temos um problema cultural na administração. As práticas políticas do passado deixaram algumas pessoas mal acostumadas, em pensar que a prefeitura é a mãezona de todo mundo. E há pessoas que insistem ainda em ir à prefeitura e ao prefeito, ir a sua equipe de governo para pedir benefícios pessoais. Eu estou buscando uma gestão em prol do coletivo, com ações que beneficiem pelo menos um bairro, uma rua, ou uma comunidade por inteiro e acabar com esse negócio, senão vai acabar cometendo injustiças, pois se você começa a dar uma coisinha a um e a outro, como fica? Nós temos temos 33.000 habitantes. Você não vai conseguir contemplar todo mundo isoladamente, então eu acho uma das dificuldades. Uma outra dificuldade é a prolongada estiagem que vive todo o Nordeste brasileiro. A cada ano tem a seca verde, chove um pouco e só faz deixar o mato verde mas as nossas reservas hídricas não enchem. Não me lembro de um grande açude em Cabrobó cheio d’água para dar sustentabilidade às plantações das pessoas que tem a agricultura como meio de sobrevivência. Outra dificuldade não é só de Cabrobó mas do país inteiro, é nossa juventude aí, desviando-se pelo caminhos das drogas. A saúde é um gargalo no país inteiro, pelo menos não se vislumbra em pouco tempo que ela vai estar boa no país. Diria até que em Cabrobó ainda não é tão grave a questão da saúde como a gente vê nos telejornais por aí afora. Outra grande dificuldade que eu acho é que os governos tem que subsidiar mais ainda a Educação também.

5 comentários:

  1. Anônimo9/6/15 12:10

    Independente de posição política e partidarismo, o prefeito mostra total bom senso e responsabilidade nas atitudes tomadas frente ao município. E gestão tem de ser feita dessa forma!
    Por mais que as pessoas reclamem da ausência de pequenos favores pessoais, os benefícios em prol das comunidades são muito mais efetivos e trazem resultados sustentáveis.
    A crise porque passamos enseja grandes desafios ao poder executivo, superá-los não será fácil e a população tem de tomar consciência disso, pois a prefeitura não é a Casa da Moeda do Brasil, tem de desdobrar-se para cumprir seu papel. E isso requer sacrifício.
    Mas uma vez, reitero a gestão lúcida e racional do prefeito que, se não merece simpatia, merece respeito e reconhecimento.
    E que venham dias melhores!

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  2. Faço minha as palavras do anônimo. Parabéns prefeito Auricelio pela serenidade q muitos não tem em saber q a prefeitura está a serviço do povo e não só de alguns!(Nilvanda)

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  3. Os vereadores detonaram o prefeito ontem, disseram que na entrevista ele se entregou. Eu li a entrevista toda e também acho que o prefeito disse o que não devia né. mas falou o que ele sente ele que sabe.

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  4. Os vereadores detonaram o prefeito ontem, disseram que na entrevista ele se entregou. Eu li a entrevista toda e também acho que o prefeito disse o que não devia né. mas falou o que ele sente ele que sabe.

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  5. Ai como tá bom!!!!!!10/6/15 23:11

    Acontece é que o prefeito acabou com a boquinha de uma turma mau acostumada essa, e é a pura verdade. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Agora aguenta coração cabroboence é nós.

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