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06/10/2014

PERSONAGENS DE CABROBÓ: PASTOR CAMILO E SEU LEGADO DE EDUCAÇÃO E FÉ


João Camilo dos Santos, mais conhecido como Pastor Camilo, fez história em Cabrobo. Segundo filho de Antônio Roberto dos Santos e Francilina Orminda dos Santos, o mais conhecido pastor da I Igreja Batista de Cabrobó nasceu em Piaçabuçu (AL), em 23 de junho de 1909.  Sapateiro e sacristão católico, converteu-se para a igreja Batista aos 20 anos, através do missionário John Mein. A partir dai, começou seus trabalho de evangelização, percorrendo os municípios de Quebrângulo (AL), Penedo (AL) e Neopólis (SE). Neste útimo, contruiu um templo.

Em 1939, Camilo casou-se com Eunice Dias Sales, que lhe deu os filhos Eliel (in memoriam), Eliad, Ebis, Eder (in memoriam), Eder, Eliam e Elioenai.

Em 1948, foi estudar teologia em Recife, como missionário da Igreja Batista do bairo da Torre. Na época, atendia aos municípios de Limoeiro (PE) e São Lourenço da Mata (PE). Camilo dizia que as dificuldades para estudar e criar os filhos eram tantas que ele não comia o pão servido no seminário, preferindo juntar o alimento e levá-lo para casa no final de semana. O sacrificio valeu-lhe a formatura de pastor, em 1952.

Dois anos depois, ele aportaria em Cabrobo, assumindo o pastorado da Igreja Batista local e de Espinheiro, em Abaré (BA).

A época era de muita discriminação contra os crentes, mas Camilo tinha uma visão além do seu tempo, e logo fez amizade com a população católica de Cabrobó. Os Padre Cizenando e, posteriormente, o Pedro Knappe eram seus amigos, inclusive frequentavam suas casas. Este exemplo evitou conflitos entre religiosos e revelou as qualidades do pastor, que sempre se posicionava contra disputas religiosas, preconceito de raça ou de classe social. 

Como era muito pobre, o missionário enfrentava sacrifícios, andando a pé, de canoa ou de jumento, para atender quase toda a região sertaneja do Vale do São Francisco de Pernambuco e da Bahia, além dos sertões do Araripe, do Pajeú/Moxotó e do Agreste de Pernambuco.


Não foram poucas as congregações e igrejas fundadas, com vários templos construídos, nos municípios baianos de Juazeiro, Curaçá, Abaré, Chorrochó e Paulo Afonso. Em Pernambuco, além de Cabrobó, o missionário pregava o evangelho em Floresta, Orocó, Parnamirim, Exu, Salgueiro, Serra Talhada e Belém do São Francisco.

Com o Pastor Camilo foram contruídos, através de mutirões com os crentes, os templos de Cabrobó (na cidade e no povoado Bananeira), Neópolis (SE), além dos distritos e povoações de Ibó, Pedra Branca, Riacho do Mato, na Bahia.

Com a ajuda e o apoio de sua esposa Eunice, Camilo sempre se preocupou em minorar o sofrimento do povo carente, trazendo do Recife médicos, dentistas, roupas, remédios e alimentos. Conseguia, também, dinheiro para os que tinham perdido tudo nas enchentes ou nas secas, ajudando-os a refazerem seus plantios.

Sua residência era usada para a distribuição de remédios, Posto da Malária, “enfermaria” e casa de parto. Sua esposa era parteira e atendia as parturientes do interior e da cidade em casa e nos domicílios. Ela executava todo o trabalho do Posto da Malária sem nenhuma remuneração, cuidando dos doentes, além de acompanhá-los para atendimento nos hospitais de outros municípios.

Na educação, cabe ressaltar que muito tempo antes de se falar em MOBRAL, o Pastor Camilo criou, em Cabrobó (PE), a alfabetização de adultos, construindo o Instituto Batista e a Escola Zilda Cavalcante de Sá, destinada às crianças. Sempre com o apoio dos membros da igreja.
O Pastor Camilo encaminhou muitos “filhos da fé” para o Seminário de Educadoras Cristãs, Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil e para o Colégio Americano Batista.

No período de 1966 a 1974, ele assumiu o pastorado da Igreja Batista do Alto da Boa Vista,  em Arcoverde (PE), fundando a Igreja Batista em Belo Jardim (PE). Em 1970, reassumiu o pastorado da Igreja Batista de Cabrobó e, em 1974, volta definitivamente para o Sertão do São Francisco, após a morte de sua esposa, Eunice.

Entre as várias homenagens que recebeu em Cabrobó, está o título de Cidadão Cabroboense, concedido pela Câmara. Em 1990, um derrame atingiu o Pastor Camilo, que também era maçom. Em 28 de março de 1998 em Cabrobó (PE), sua voz calou-se para sempre. O pioneiro construtor de templos, partiu para a eternidade.

>Texto originalmente escrito por Daniel, Eliam e Ebis. Editado pela Folha.

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