Páginas

24/01/2022

Caso Beatriz: Verdades, mentiras e omissões de um crime sangrento

Marcelo da Silva confessou o brutal assassinato de Beatriz mas a motivação não convence

Após a Polícia Civil de Pernambuco ter apresentado no último dia 11 o nome do detento Marcelo da Silva como o autor do assassinato da menina Beatriz Mota, ocorrido há seis anos num colégio em Petrolina-PE, o mistério deste que é um dos homicídios mais brutais ocorridos no território de Pernambuco continua.

A comprovação da autoria do crime por meio de DNA e a consequente confissão do assassino em depoimento aos delegados da força tarefa que investiga o caso são um divisor de águas na conturbada investigação do crime, que até agora não foi devidamente elucidado. Há muito ceticismo sobre trechos importantes do depoimento de Marcelo, por se revelarem inconsistentes.

A motivação do crime, por exemplo, é frágil e de cara não convenceu os pais da menina Beatriz. Lucinha Mota, mãe da vítima, teve acesso ao depoimento completo e afirma não ter dúvidas de que Marcelo é o assassino, mas o motivo que ele alegou é uma peça de ficção.

Na confissão do crime o depoente contou que uma vez dentro do colégio fora beber água num dos bebedouros e ao ser visto com uma faca foi questionado por Beatriz Mota, que gritou. Para não ser descoberto Marcelo diz que resolveu "silenciá-la". Em outras palavras, matá-la (foram 42 facadas). As investigações já mostraram que no suposto local do crime não foram encontrados sinais de sangue.

"Ele está mentindo. Quando fala que reagiu porque Beatriz gritou, é mentira. Está se defendendo porque sabe que a pena pode ser aumentada se ele disser que foi ali para praticar um crime", afirma Lucinha Mota, acrescentando que, como mãe, sabe que sua filha jamais gritaria para denunciar alguém. "Ela nunca passou por nenhum momento de risco na vida dela; ela poderia ver uma pessoa armada e jamais iria perguntar a essa pessoa porque ela está armada", enfatizou.

Lucinha disse ainda que faz uma investigação paralela com a ajuda de profissionais da área criminal e tem elementos indicando que na noite do crime o assassino abordou Beatriz "de forma brusca" porque foi ao colégio com o objetivo de matar uma criança, mais precisamente uma menina.

"Vídeos mostram outras crianças do sexo masculino descendo na área do bebedouro e esse monstro não capturou e nem sequer abordou. Ele tinha um perfil, sabia quem iria abordar.", alertou.

Mota disse ainda que tem mais informações, mas no momento as manterá em sigilo porque se divulgadas agora poderão prejudicar as investigações da polícia. "Assim que o delegado formalizar a denúncia eu falarei. Mostrarei o que tenho da investigação paralela que comprova porque esse homem foi lá para matar uma criança", prometeu.

A mãe de Beatriz também chama a atenção de outro fator até agora nebuloso na investigação. Como o assassino conseguiu entrar com facilidade no colégio Maria Auxiliadora, praticar o crime e fugir sem deixar vestígios?  "Ele teve ajuda para entrar e para sair do colégio", aponta. 

CARTA - O novo advogado do acusado, Rafael Nunes, divulgou uma carta supostamente escrita por Marcelo da Silva onde o réu volta atrás do depoimento inicial e nega a autoria do crime. Num dos trechos da missiva afirma que ele é inocente, foi obrigado a confessar o crime e que corre risco de morte".

O episódio foi encarado com desconfiança pelos pais da menina Beatriz. Lucinha Mota questionou o advogado publicamente e o acusou de querer "aparecer." "Ele está em busca de mídia", afirmou.

A mãe de Beatriz também renovou as críticas que vem fazendo ao Ministério Público de Pernambuco, ao governador Paulo Câmara e à Secretaria de Defesa Social . E diz que vai continuar lutando pela federalização do caso.




4 comentários:

  1. Tem que apodrecer na cadeia mas nao sem antes dizer quem mandou fazer isso nao é possivel que tenha feito sem a participação de mais pessoas, tem coisa aí.

    ResponderExcluir
  2. Deus tenha compaixão dessa familia, tanto sofrimento. Queremos justiça

    ResponderExcluir
  3. Justiça para Beatriz. Esse crime ainda tem muita coisa a ser esclarecida. As motivações alegadas não convencem.

    ResponderExcluir
  4. Justiça para esse caso.

    ResponderExcluir