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10/06/2015

ENTREVISTA COM O PREFEITO AURICÉLIO - PARTE II (FINAL): "Dizer se sou ou não sou candidato, é precipitado"

Auricélio disse que algumas críticas dos vereadores são equivocadas: "eu acho que a gente ainda está bem"
Leia a seguir a segunda e última parte da entrevista exclusiva  com o prefeito de Cabrobó Auricélio Torres, publicada na edição impressa da Folha da Cidade.

Qual é o recado que o sr. dá aos concursados da Prefeitura de Cabrobó, que tanto reclamam nas redes sociais para serem convocados? Como é que está esta situação?

R- O mais importante para os concursados é convocar a todos. Mas é bom lembrar que eu convoquei mais de 70% desse pessoal logo no primeiro ano de governo. Primeiro, eu prorroguei a valia do concurso por mais dois anos, o que é muito importante. Agora, eu estou não é com recomendação, eu estou com uma determinação do Tribunal de Contas para demitir e não contratar ninguém. É determinação. Estou tentando protelar as demissões, ver ao máximo o que é que eu posso fazer. Queira ou não queira, quem está aí às vezes depende desse salário para sobreviver. Estou protelando, mas,  ao que tudo indica... Fui advertido quando ultrapassei os 55,5% e hoje recebi mais uma carta, porque cheguei aos 57, 76%. Então, o tribunal não está recomendando, está determinando demissões. Chega a quase 300 pessoas para que a gente possa enxugar a máquina. Eu acho isso muito grave, porque eu não tenho 300 funcionários ociosos. A gente pode pensar que tem aí uns 20 ou 30 que poderiam ser dispensados, mas essa quantidade toda vai fazer falta, o serviço público vai ficar deficiente. Então, tudo isso passa pela reforma política para que essas coisas possam mudar. Esses programas do governo federal e do governo do estado, por exemplo, a gente tem que empregar as pessoas para fazê-los funcionar. Uma creche tem que funcionar, uma abatedouro, o Creas, o Cras, tem que funcionar, os postos de saúde, etc. Para isso tem que haver vigilantes, auxiliar de serviços gerais, uma série de profissionais que a gente tem que contratar. Se não contratar, não funciona. E, se demitir, o serviço vai ficar a desejar para a população.

No início do seu governo o sr. teve ao seu lado uma aglutinação dos vereadores, logo após o racha com o ex-prefeito Eudes Caldas (PTB). A maioria ficou do seu lado mas, depois, um por um foram migrando para a nova oposição que se formava. Quem é que errou ou está errado nesta história toda? O prefeito ou os vereadores que saíram da base?

R- Digamos que o prefeito esteja errado, digamos que não seja um grande negociador político. Eu até faço esta autocrítica. Por outro lado, costumo dizer que Matemática é uma ciência exata, dois mais dois vai ser sempre quatro, diferente de outras ciências, né, que às vezes o subjetivo se enquadra, mas Matemática é isso, então, eu não vejo como colocar gente para trabalhar e não pagar. Comprar e não pagar. Para isso tem que ter o recurso. A prefeitura é uma empresa como outra qualquer, nela entra recurso e sai recurso. Não tem uma mágica, uma maquinazinha para a gente gerar dinheiro lá. Então, há as pessoas que lhe cercam e pensam sempre em atender os seus aliados (deles) com recurso do município.

O sr. está querendo dizer que os vereadores pedem demais?

R- É por aí. A verdade é essa, é por aí. Existe uma prática de querer atender todo mundo, só que a prefeitura não tem como atender todo mundo e o direcionamento da nossa administração, como falei no princípio, é trabalhar no coletivo, não com benefícios pontuais e pessoais. Mas tem gente que insiste em fazer isso, então fica difícil empregar onde não precisa, arranjar emprego para várias pessoas.

No tempo da ampla aliança o sr. foi mundo pressionado pelos vereadores de sua base?

R- Olhando o mapa político de Cabrobó dá para entender. No governo passado o prefeito tinha 60% dos vereadores na Câmara, já tinha quase a metade ali dividida. Nós entramos com 12 vereadores, isso é difícil de administrar. São 12 egos, isto é, 12 pessoas querendo atender seus aliados, seus eleitores, quando você tem que ajustar uma máquina, uma prefeitura, para poder, como falei antes, comprar e pagar, colocar pessoas para trabalhar e pagar seus salários, que devem ser sagrados, ter recursos para as contrapartidas, ter recursos para alavancar até a economia do município, ter recursos na saúde, na educação, entre outras coisas. Então, não sou um bom negociador, admito, assumo. Mas eu achava que os vereadores deveriam fazer política com espírito mais de estadista, de pensar também na cidade, no próprio município.

Como é que o sr. vê as críticas que os vereadores da oposição fazem contra sua gestão? Falam de uso indevido de equipamentos da agricultura na área urbana (máquinas do PAC), falta de diálogo do prefeito com a sociedade e com a Câmara, ausência de informações da prefeitura, atraso de pagamentos a locatários de veículos, mal atendimento no hospital. De fora geral os vereadores reclamam que o sr. não atende aos pleitos e não respeita a Câmara.

R- Algumas críticas dos vereadores são equivocadas e alguns levantamentos de suspeita deles em relação a mal atendimento no hospital, educação, infraestrutura. Eu trabalho com pesquisas e os institutos que trabalhamos ao longo desse tempo se admiram como os serviços de Cabrobó são bem avaliados. O povo diz que no hospital de Cabrobó é bem atendido. Somos muito bem avaliados, diferente de várias outras cidades por aí. No que diz respeito à saúde, isso é dificílimo, são bons, a educação, são bons,  e infraestrutura são bons também. E a ação social, que são as secretarias que tem mais visibilidade. A avaliação do prefeito também. As pesquisas não estão de acordo com o pensamento deles. Estão batendo muito e não é isso que a população está enxergando. Tudo bem, foi em fevereiro que fizemos pesquisa de opinião (entre os dias 8 e 10). O prefeito ainda tem uma avaliação positiva, diferente de quase todos os prefeitos. Para você ter um entendimento, o Estado fez pesquisa este ano e nós fomos o terceiro melhor prefeito avaliado de Pernambuco. E eu constato, apesar de já ter tido 76% de aprovação, que ainda estou com 56% de aprovação. Pode parecer pouco, mas no momento político onde se diz por aí que este é o pior momento das prefeituras no país, eu acho que a gente ainda está bem. Não podemos nos acomodar, vamos continuar fazendo nosso trabalho, fazer funcionar os serviços públicos.

O que o sr. achou das críticas de Antônio de Nestor em relação a sua pessoa?

R- O ex-candidato a prefeito Antonio de Nestor me parece uma pessoa um tanto destemperada quando é acionado por alguma pergunta, quando tece comentários a algum adversário político. Diria até que ele devia fazer uma auto-análise do comportamento dele. Eu diria até que nem o chamaria Antonio de Nestor, já que Anestor foi uma pessoa tão boa, amiga das pessoas. Eu preferia chamá-lo de Antônio do sindicato, né? Antônio vive no Sindicato dos Trabalhadores Rurais onde ele praticamente implantou uma ditadura, mudou o Estatuto para ter reeleições infinitamente, podendo se tornar vitalício. Todos nós somos sabedores que ele não presta contas do que entra e do que sai em termos econômicos do sindicato e isso facilita suas reeleições. O Antônio que a gente sabe aqui foi diretor municipal da pasta de Infraestrutura e Limpeza Urbana do ex-gestor e foi colocado no olho da rua por gesto de improbidade. Então, uma pessoa que postula o maior cargo do executivo do município estar chamando as pessoas de “fraco” ou alguma coisa desse tipo, hostilizando, é bom olhar para si, fazer uma auto-análise do seu passado também.

E esses boatos que surgiram, dizendo que sr., não vai ser candidato a reeleição?

R- São boatos mesmo. Sem nenhuma enrolação, acho que o país está ansioso até, por uma reforma política. Ou seja, antes disso, qualquer pronunciamento é precipitado. Dizer se sou candidato ou não sou candidato, é precipitado.

O sr. havia falado alguma vez a alguém que não seria candidato?

R- Não disse nenhuma vez, apenas falei na rádio Grande Rio FM que a gente entra na dança é para dançar e quem vai para chuva é para se molhar. A gente não descartou. Quem é prefeito tem direito à reeleição, geralmente é um pretenso candidato, é um candidato natural. Agora, o que eu penso, sem nenhum arrodeio, sem nenhuma enrolação, é que 2016 vamos discutir em 2016.

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