EM ENTREVISTA À FOLHA, ANTONIO DE NESTOR FAZ DURAS CRÍTICAS AO PREFEITO AURICÉLIO: "É UM FRACO, NÃO SABE ADMINISTRAR"

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Cabrobó, Antônio de Nestor, não economiza críticas ao prefeito de Cabrobó, Auricélio Torres (PSB), nesta entrevista exclusiva ao jornal Folha da Cidade

Há dez anos no comando de um sindicato que conta com cerca de dez mil filiados, Antônio tentou voos maiores em 2012, quando se candidatou a prefeito do município. Perdeu para uma aliança gigante que abrigava o ex-prefeito Eudes Caldas (PTB) e atual e vencedor Auricélio Torres. Antônio guardou em seu currículo a marca de 5.669 votos, que hoje o levam à condição de pré-candidato da oposição. Sobre 2016, ele não tem meia conversa e faz questão de demarcar terreno com a sua posição. Confira na entrevista.

FOLHA DA CIDADE - Como o sr. vê a situação do trabalhador rural hoje?
ANTONIO DE NESTOR - Estamos há cerca de 10 anos no sindicato e vejo a agricultura no nosso município cada vez pior. Muita coisa não desandou ainda devido ao trabalho que o sindicato vem fazendo, principalmente na área de sequeiro. A gente tem investido muito com os programas sociais da nossa grande presidenta Dilma, que tem continuando o trabalho do ex-presidente Lula, principalmente na construção de cisternas.

Quais são as maiores reivindicações do STR de Cabrobó? 
A principal seria um projeto de irrigação. A gente tem aí a questão do projeto Maria Preta que foi usado como mote político quando sabemos que nada foi feito. Temos também a questão da perfuração de poços, recuperação e construção de barragens, et. A gente solicita através de ofícios às entidades, como por exemplo o Dnocs. Iclusive estamos realizando a perfuração de quatro poços nas comunidades de assentamento Poço da Umburana, associação Quilombola da Santana, associação do Caderaozinho e associação do Catolé e Badajó.

Como é a relação do STR com o poder público municipal?
Não tem nenhum relacionamento.

Por quê?
Porque ele (o prefeito Auricélio) leva para a questão política, né. A gente tem muitos trabalhos que poderiam ser em parceria com a secretaria de Agricultura, mas não existe porque ele não participa, por questões políticas.

O sr. pode citar um exemplo dessa falta de relacionamento?
A questão principal é a utilização das máquinas do PAC. Nossa grande presidenta Dilma cedeu as máquinas através de um Termo de Parceria com o município, aprovado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, mas a gente vê apenas a utilização dessas máquinas para limpeza urbana. E o secretário da pasta (de Agricultura) vai para a rádio dizer que as máquinas não trabalham na zona rural porque não tem o que fazer... A gente tem hoje um município que não tem infraestrutura rodoviária, nem infraestrutura de armazenamento de água... Então, uma série de coisas que necessita muito dessa patrulha mecanizada mas, infelizmente, ela só está servindo para fazer limpeza urbana. Estamos entrando em contato com o MDA pedindo a normativa sobre a doação dessas máquinas, pois sabemos que elas tem que ser utilizadas na área rural do município, o que ele teria que fazer toda semana, com um cronograma de uso  e afixar na Câmara de Vereadores e na prefeitura, mas isso não acontece. Quando nos passarem essa normativa vamos poder  fazer um trabalho em cima disso aí.

Os trabalhadores rurais reclamam? 
Eles ligam para a rádio, fazem denúncia da situiação que estão passando... A gente tem o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, o qual são inseridas as associações. Orientamos para que tudo o que fizerem de pedidoo à prefeitura, façam através de ofício e não de boca. Muitos tem feito isso, pedindo máquinas para principalmente limpeza de cacimbas. Existe a dificuldade dessas máquinas chegarem lá para realizar esses trabalhos. A gente tem regiões como Catolé, Badajó, Santana, Juá, Curralinho 2, Alazão, Encruzilhada, Junco... Essas regiões hoje estão escapando porque a prefeitura vizinha do nosso querido prefeito Laerte Freire, de Terra Nova, tem feito esses trabalho, ajudando aquelas regiões, isso porque as máquinas do próprio município de Cabrobó ninguém sabe onde andam.

E em relação ao governos estadual e federal, como está o diálogo?
Com o governo do Estado também não tem relação, porque as coisas que a gente tem trabalhado com a Secretaria de Agricultura  do governo passado nunca fomos atendidos em nada. Já com o governo federal é diferente. Os investimentos que tem chegado a gente pode participar. Tivemos os quatro poços artesianos do Dnocs, como falei, com quatro comunidades beneficiadas, com água para consumo humano e animal. Ações do governo junto à ASA - Articulação do Semi Árido, que repassa diversos trabalhos. A gente tem executado no município as cisternas de 16 mil litros e o P1 mais dois, que é uma terra e duas águas, com cisternas de 52 mil litros e barragens. Temos parceria com as ONGs Diaconia, NEPS de Dormentes, o polo sindical de Petrolândia e a Secor.

Vamos falar de política: Como é que o sr. analisa o quadro hoje, com a perspectiva das eleições de 2016?
A gente teve aquele trabalho de 2012, quando saímos aí como oposição. Tivemos ao longo desse período de dois anos muitas mudanças. Hoje a oposição está com sete vereadores e o ex-prefeito Eudes Caldas, que foi o baluarte da eleição do prefeito atual, também se encontra na oposição. Então, fazemos um trabalho para ver o que a gente pode realizar a partir de janeiro e quem poderá ser o candidato a prefeito, né? Em janeiro a gente já deve ter essa posição totalmente definida, nos quadros aí que se encontram.

O sr. foi candidato a prefeito na eleição passada e obteve 5.669 votos. Isso o credencia para ser o nome da oposição em 2016?
Bom, é como costumo dizer, sabemos que o ex-prefeito Eudes tem a força política dele e hoje nós temos a nossa, que construímos. Então, estamos tentando ver o que é que a gente pode formalizar nessa aliança, que se possa constituir um grupo só, que possa se fortalecer .

Certa vez o sr. falou que poderia abrir mão de seu nome como candidato para ceder a cabeça de uma chapa majoritária a Eudes Caldas. Isso ainda se sustenta, depois da segunda reprovação das contas de Eudes no TCE e na Câmara?
A posição era aquela. Se ele puder ser candidato, a gente vai ter uma conversa. Vai depender dessa conversa a construção de uma parceria, para que ele possa ser o nome indicado.

O sr. teve mais de 5 mil votos, mas não conseguiu eleger um vereador. Isso não dificulta suas pretensões eleitorais?
Essa questão é principalmente monetária. Tivemos alguns candidatos e a questão também do pouco tempo que tivemos para se formar uma oposição. Durante o período que formulamos já havia o fortalecimento da então situação, e de repente saímos da situação e fomos para a oposição (racha)... O prazo era muito curto para que a gente pudesse fazer um trabalho mais amplo.

Qual seria a chapa para concorrer em 2016?
No momento, eu diria Antonio de Nestor para prefeito. O vice seria indicado por Eudes Caldas.

Essa aí é a chapa do seu desejo. E a chapa com mais chances de vitória, qual seria? 
Para hoje seria Eudes Caldas prefeito e Antonio de Nestor vice.

Qual o principal problema da administração do prefeito Auricélio?
É a falta de gestão. Ele não tem. Ele nunca foi preparado, nunca teve experiência, nunca administrou nada. Ele apenas era médico e mais nada. Eu nunca ouvi falar dele administrar algo... Quando se elegeu, continuou em cima do que tinha feito o antecessor. Houve algumas mudanças na administração, mas ele continuou com o respaldo do anterior e mesmo assim a gestão é um desastre. Discordei da candidatura dele desde o princípio. Primeiro, porque ele era oposição. Ora, a gente não passou a vida brigando, discutido, lutando, para ele ser o candidato. Entregar o poder ao adversário, isso é errado, não poderia existir, entendeu? Se fosse fazer uma aliança com ele trazendo o povo, com o trabalho, tudo bem, mas entregar o ouro ao bandido, isso não. Ele não é político, ele não é administrador. É uma pessoa muito fraca e covarde, não tem coerência para as coisas. Ele não tem voto, não é político.