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Falecido em junho passado, Celso Freire está na seção "Personagens de Cabrobó", do jornal FOLHA DA CIDADE nº 55 (edição de julho/2013) |
Desde criança, Celso Freire já organizava seus primeiros versos, ouvindo Luiz Gonzaga, sua maior fonte de inspiração. Tirando os repentes e o gosto pela poesia dos cordéis, ele não se diferenciava dos demais garotos da roça. Estava sempre ajudando seu pai, Toinho de Josa, na labuta diária.
Cuidar do gado, das plantações e de tudo o que move o mundo rural soava como inspiração para o pequeno poeta repentista.
Celso nasceu em 25 de fevereiro de 1935, na Fazenda Logradouro, a poucos quilômetros da sede de Cabrobó.
Antônio Francisco de Sá Sobrinho era o nome oficial de seu pai, que formava casal com Maria Freire de Sá Buim Filha. Esta dedicada mãe, por sinal, levava sempre o filho à missa, o que lhe rendeu um gosto peculiar pela religião. Celso Freire dizia ter dentro de si “uma força que o impele para Deus”.
Na adolescência, com o apoio de toda a família e dos vaqueiros que frequentavam sua casa na fazenda, ele consolidou sua vocação para o repente e a poesia matuta. Os versos corriam soltos, com alegria e emoção, apesar de seus estudos não terem ultrapassado a 4ª série do ensino fundamental (antigo primário).
A valorização do cordel era como um símbolo da resistência dos costumes de sua gente. As rimas em cada verso não se distanciavam jamais dos temas sertanejos, que revelavam a dura realidade da região. A seca, a pobreza e a fome eram versos presentes, traduzidos num caleidoscópio de sentimentos e emoções.
Ao tornar-se adulto, Celso foi morar na cidade, já adaptado às atividades de comerciante. Como todo pai dedicado, pensava no bem-estar dos oito filhos. Queria dar-lhes os estudos que não teve.
Ganhou muita popularidade com os versos O Passado da Casa Grande, uma homenagem ao lugar onde nasceu e se criou. Ele viajara pelo sertão divulgando a riqueza, a história, a cultura e os costumes de sua gente. Nas vaquejadas de Petrolina, Serrita, Cachoeirinha e Pambu, era certa a sua presença para as emocionadas toadas e repentes.
Organizou a famosa Vaquejada do Logradouro, um dos eventos mais prestigiados da região, que se caracterizou como um dos mais emocionantes do gênero, devido à homenagem prestada ao amigo e vaqueiro Laudelino.
Dono de uma personalidade tranquila e bem humorada, Celso gostava de estar sempre rodeado de amigos e de seus familiares. Sua maior satisfação era compartilhar suas alegrias com as rimas da poesia, nos versos e toadas, de preferência ao som da sanfona, seu instrumento musical preferido.
O poeta casou-se com Hildete Freire de Sá em 19 de fevereiro de 1959. Os frutos desse feliz relacionamento, que durou 54 anos, foram os oito filhos do casal: Sileide, Silene, Suely, Sávio, Silvio, Celio (falecido), Antônio Ceilson (Louro) e Celiane. Daí surgiram 12 netos e uma bisneta, que tiveram a alegria de conhecê-lo.
Em nove de junho passado, uma parada cardíaca o levou desta dimensão e do convívio com a poesia. Ficaram os muitos órfãos e admiradores de seu talento.
Nota do editor: Este texto foi publicado na edição 55 (julho) do jornal Folha da Cidade e faz parte da seção "personagens de Cabrobó". O blog passará a republicar as histórias dos personagens que foram destaque nas edições anteriores do jornal. Aguarde.
grande amigo da vaquerama da fazenda logrador.
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